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sexta-feira, 13 de junho de 2014

PORQUE A APRUMA DEVE SER FORTALECIDA

Maria Ozanira da Silva e Silva
Professora da UFMA

Sou associada da APRUMA desde os seus primórdios. Tenho acompanhado, com muito interesse, todas as lutas desenvolvidas no decorrer de sua história, participando diretamente, mais ou menos, em todos os momentos dessa Entidade representativa dos professores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Nesse percurso, há que se destacar a defesa e as conquistas de muitos direitos e reivindicações dos professores mediante atuação importante da APRUMA.

Reconheço que minha participação nas ações cotidianas da APRUMA tem sido limitada pela prioridade que tenho atribuído à vida acadêmica, essencialmente no campo da pós-graduação e da produção do conhecimento. Todavia, isso nunca me impediu de reconhecer e apoiar a luta daqueles que priorizam a atuação político-organizativa no âmbito de nossa Entidade representativa. Igualmente tenho tido sempre a APRUMA como referência enquanto entidade representativa dos docentes da UFMA.

Reconhecendo essa história e o significado da APRUMA como instância organizativa dos docentes da UFMA é que, provocada por solicitação da própria APRUMA, explicito o meu não apoio à criação de uma nova entidade para representar os docentes da UFMA.

Considero, inclusive, que a sigla APRUMA é um patrimônio intocável. Se temos motivos para discordar de alguns encaminhamentos que vêm sendo adotados pela APRUMA no desenvolvimento de lutas tão importantes como tem acontecido historicamente, o momento é de unirmos forças numa empreitada propositiva que contribua para mudanças consideradas necessárias. Assim, considero uma perspectiva de fortalecimento da APRUMA e a busca de ampliar adesão e apoio e nunca na perspectiva de criação de uma entidade paralela que já venha a nascer com o vício do atrelamento.

Nessa perspectiva, me sinto no direito e na obrigação de chamar a atenção para uma possível crise na capacidade que uma entidade representativa de uma categoria profissional aqui, especificamente, docentes de nível superior, está sujeita a partir das próprias estratégias políticas utilizadas para desenvolver suas lutas.

Conheço e converso com muitos docentes, portanto não expresso aqui uma posição isolada, mas, sobretudo me fundamento numa perspectiva de apontar uma crítica construtiva e propositiva para que não me sinta omissa nesse momento histórico que estamos vivenciando em torno da APRUMA.

Entendo que uma Universidade é um espaço de pensamentos convergentes e divergentes e todos devem ser respeitados, o que não significa abrir mão da construção de hegemonia de nossas visões teóricas, políticas e militantes. Significa, sim, a necessidade de respeito ao diferente e ao divergente para permitir a convivência da pluralidade. Falo isso porque o que verificamos, muitas vezes, é o posar da verdade única e superior, onde qualquer outra visão, quando rotulada de diferente, não é só ignorada, é desqualificada, o que é muito pior. Essa conduta tem orientado momentos das lutas desenvolvidas pela APRUMA, o que tem afastado, por comodismo ou por considerar que não vale a pena expressar pontos de vistas divergentes, muitos docentes de decisões importantes, como o decretar de uma greve.

Considero ainda que uma Entidade representativa de uma categoria profissional deve lutar pelos direitos de seus associados e pela existência de condições e espaço profissional adequado para um trabalho digno e direcionado para a construção de uma sociedade justa. Nesse aspecto, entendo e concordo que a referência mais abrangente de uma Entidade representativa de uma categoria profissional é o projeto de uma sociedade justa, sem exploração e voltada para a maioria. No caso de uma Universidade, a luta pela articulação do ensino, pesquisa e extensão gratuita e de qualidade é a dimensão mais importante para alcançarmos essa sociedade que buscamos construir. Entendo também que essa é uma perspectiva que vem norteando as ações da APRUMA. O que chamo a atenção é que, por vezes, vêm sendo utilizadas estratégias políticas que se expressam por uma oposição cega e que, portanto, torna-se incapaz de ver as contradições e privilegia o confronto, terminando por secundarizar uma postura crítica, mas construtiva e propositiva capaz de conduzir à mudança que buscamos.

Não quero e muitos docentes da UFMA também não querem uma entidade representativa que seja um braço da administração da UFMA, mas também não queremos uma APRUMA de oposição cega porque assim age, muitas vezes, sob a orientação do sectarismo que é tudo, menos uma postura dialética e construtiva.

Quero uma APRUMA independente, sim, e capaz de desenvolver lutas pelos direitos dos docentes, pela manutenção do ensino, da pesquisa e da extensão gratuita e de qualidade, que forme profissionais e cidadãos preparados e atuantes para construção de uma sociedade justa e capaz de incluir a grande maioria dos segmentos hoje explorados e sem condições de vida.

Quero, sim, uma APRUMA fortalecida, propositiva e atuante que respeite a pluralidade sem desqualificar qualquer corrente de pensamento e sem agir na perspectiva de mera oposição fechada, que só exclui muitos dos que poderiam ser aliados e pode ameaçar sua própria sobrevivência, como parece começar acontecer.

Pelo Fortalecimento e independência da APRUMA!

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