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terça-feira, 5 de junho de 2012

A UFMA TÁ EM GREVE, MAS NÃO TÁ PARADA


Prof. Dr. Marcos Fábio Belo Matos – Curso de Comunicação Social – Jornalismo – marcosfmatos@gmail.com

No dia 14 de maio, seguindo um movimento de professores universitários em todos os cantos do país, os professores da UFMA resolveram aderir à greve nacional que o Andes (Associação Nacional de Docentes das Universidades Federais) deflagrou. Conforme dados da Apruma (Associação dos Professores da UFMA, seção sindical do Andes), em todos os campi da UFMA, na ilha e no continente, os professores paralisaram as aulas – total ou parcialmente.

Hoje o movimento cresceu, já atinge, pelas últimas notícias, 48 universidades e 4 institutos federais. Para quem gosta de números, isso representa algo em torno de 80% das universidades federais do país, entre grandes e pequenas, entre renomadas e anônimas, entre ilhas de excelência e instituições que ainda engatinham no ensino, na pesquisa e na extensão. É um movimento que, pelos números que apresenta, já se tornou histórico.

Apesar de tudo isso, o governo ainda não esboçou reação para negociar. A única reunião agendada, marcada para a última segunda-feira (28.05), foi cancelada ainda na sexta e não há data para que aconteça. O governo alega que não negocia com grevistas.

Fazendo parte da mobilização da Apruma, a UFMA Imperatriz aderiu ao movimento simultaneamente a São Luís, na segunda-feira, 21.05, também com um fato histórico: todos os seus cursos pararam, uns totalmente, outros parcialmente, outros ainda muito parcialmente. Mas pararam. E aqui resolvemos fazer diferente.

Com a contribuição de todos os cursos, o comando de greve (formado por professores de quase todos os cursos, registre-se) resolveu fazer uma ‘greve de ocupação’. Enquanto as aulas estão paradas, são promovidos cursos, palestras, oficinas, ações sociais, sessões de cinema. Tudo de graça. Tudo aberto à comunidade. Tudo com o espírito de mostrar à população que a ufma tá em greve, mas não tá parada. A população precisa saber que os professores da UFMA têm compromisso social, que não estão de férias, que se preocupam com a formação dos seus alunos e que, enquanto esperam, mobilizados, o desenrolar das negociações do seu comando nacional com o governo federal, seguem contribuindo, da forma que podem, com a sua comunidade – dentro do melhor espírito de inserção e compromisso sociais, gênese da universidade.

Ninguém gosta de greve. Ela não beneficia nenhuma das partes envolvidas. Mas é o único instrumento cabível quando emperram as negociações entre patrões e empregados. No caso dos professores universitários, essas negociações remotam a três anos. Agora que ela está em curso, ser criativo e prestar um serviço público é uma boa forma de amenizar os seus impactos e mostrar que a categoria não é egoísta, arruaceira e interesseira – como, de resto, querem pintar por aí.

Marcos Fábio Belo Matos
Prof. Dr. Curso de Com. Social/Jornalismo/UFMA Imperatriz
Jornalista - DRT-MA 1058

Um comentário:

Anônimo disse...

Discordo plenamente com o Sr. caro professor. Primeiramente, fui aprovado em Economia para a UFMA e nem sequer consigo ter acesso ao meu cadastro para saber se o mesmo foi validado ou não. Acredito que nosso país não vai melhorar, cruzando-se os braços, atrasando ainda mais o desenvolvimento intelectual e crítico de nosso povo, e sim tomando atitudes coerentes com o problema. O nosso problema não é a estrutura política e sim a cultura política. Não adianta lutar contra um governo que não acredita em educação se "nós" como futuro deste país ainda não tomarmos a educação como meio essencial de vida. Ou seja, por lei, ferramentas essenciais devem permanecer com pelo menos 30% de seu efetivo(Saúde, Polícia Federal, Militar e Afins). Como posso me espelhar em um mestre, a exemplo da antiga Grécia, com seus pensadores e tornar-me um crítico de meu país, se os exemplos que vejo são de paralisia e falta de comprometimento com a educação. Muitos não estão na educação como meio de transmitir valores e sim pela estabilidade de passarem 100 dias de folga e não serem demitidos. Não sou um anti-popular, ou anti-socialista. Vejo o povo como a força desse país. Mas sou alguém que busca mudar o meu país contra tantos que só sabem cruzar os braços e aguardar medidas divinas de salvação. Joales Santos